
A entrada de Habermas no cenário intelectual se deu nos anos 1950 com a influente crítica à filosofia de Martin Heidegger. Ele estudou filosofia nas Universidades de Göttingen e Bonn, e deu continuidade aos estudos de filosofia e sociologia no Instituto para Pesquisa Social, sob a orientação de Max Horkheimer e Theodor Adorno. Nos anos 1960 e 1970 ele ensinou na Universidade de Heidelberg e Frankfurt em Main. Ele então aceitou a diretoria do Instituto Max Planck em Starnberg em 1971. Em 1980 ele ganhou o Prêmio Adorno, e dois anos depois assumiu a docência na Universidade de Frankfurt, onde permaneceu até sua aposentadoria em 1994.
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Universidade de Göttingen |
O Modernismo adotou o projeto do Iluminismo, mas com frequência lamenta a perda do senso de propósito, coerência e valores sociais na sociedade moderna. Para Habermas, essa tendência é ineficiente, e portanto ele chama ao retorno à ordem e à razão defendidas pelo Iluminismo.
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Universidade de Bonn |
A primeira contribuição de Habermas à filosofia foi seu desenvolvimento da teoria da racionalidade. Um elemento em construção ao longo de sua obra é uma crítica às democracias industriais no Ocidente no sentido de equalizar o humano com a eficiência econômica. Para Habermas a habilidade para usar lógica, análise, e racionalidade, vai além do cálculo estratégico de como atingir um objetivo escolhido. Há a possibilidade de envolver a comunidade, através da ação comunicativa em busca do acordo mútuo – isso é a própria racionalidade. Habermas, portanto, destaca a importância de se ter uma “situação ideal de fala” em que os cidadãos são capazes de suscitar preocupações políticas e morais, e de defendê-las unicamente pela racionalidade.
Em 1981 Habermas publicou “A Teoria da Ação Comunicativa”, em que desenvolve o conceito de situação ideal de fala, acompanhada de uma ética do discurso. Trabalhando com um colega da Escola de Frankfurt Karl-Otto Apel, ele propõe um modelo de racionalidade comunicativa que leva em conta o efeito que o poder tem sobre a situação de discurso, e se opõe à ideia tradicional de uma razão objetiva e funcionalista. Dentro das relações sociais está o desempenho dos deveres subjetivos e intersubjetivos, que são determinados por outras capacidades de racionalização. A teoria é desenvolvida em uma teoria social compreensiva donde a ética do discurso se origina. Como uma extensão da filosofia do Ato de Fala, de J. L. Austin, bem como teorias de desenvolvimento infantil como divisada por Jean Piaget, Habermas e Apel procuraram construir um arcabouço moral, não opressivo, inclusivo e universalista, para o discurso, baseado no desejo inerente a todos os atos de fala no sentido de um entendimento recíproco.
A Teoria da Ação Comunicativa foi aplicada por Habermas na política e no direito, defendendo uma “Democracia Deliberativa” em que as instituições e leis governamentais estariam abertas à livre reflexão e discussão pelo público. Um obstáculo-chave para a instituição dessa política de abertura é a legitimidade da propriedade privada, pois ela divide interesses e torna desigual a situação dos indivíduos. Habermas acredita que dentro de sua proposta de democracia, homens e mulheres conscientes de seus interesses em auto-governabilidade e responsabilidade procurariam aderir apenas ao argumento mais racional.
Habermas obteve grande respeito, e foi o professor e mentor de muitos teóricos que trabalham em sociologia política, teoria social, e filosofia social. Desde sua aposentadoria como professor, ele continua um pensador e escritor ativo.
Texto traduzido pelo autor do Blog. Aceita sugestões de "refinamento" da tradução.
Muito bom esse texto Daniel, porque sintetiza um pouco da vida deste teórico que tem nos feito companhia nos últimos meses e nos possibilita entender um pouco sobre o ambiente no qual ele estava inserido quando criou suas teorias.
ResponderExcluirAt. Juliana Marques