Em seu artigo As organizações como cérebros, Godinho (2002) expressa sua preocupação quanto à
função do gestor em um contexto marcado por “novas formas de administrar”, “novas
percepções do ambiente organizacional” e “ novas parcerias entre dirigentes e
colaboradores”.
O autor apropria-se de uma
das metáforas utilizadas no livro “Imagens da organização” de Gareth Morgan, a
saber: ‘A organização como Cérebro”, associando-a a “processamento de
informações”, “aprendizagem” e “inteligência”.
Essa metáfora também é
subdividida em duas outras, a saber: O cérebro como computador, e o cérebro
como sistema holográfico.
Ao comparar o cérebro ao
computador, o autor destaca o fenômeno das mudanças rápidas na sociedade (mundo),
da globalização, da competitividade entre as empresas, e a produção e disseminação
do conhecimento (em um fluxo constante de ensino e aprendizagem), como
estratégia central para a sobrevivência da organização. Essa percepção está em
sintonia com o discurso do paradigma das organizações aprendentes.
Valendo-se do foco da
ciência cibernética: o estudo da informação, da comunicação e do
controle, ele afirma que é a “capacidade de auto-questionamento, que permite ao
sistema aprender a aprender”, donde se pode destacar dois conceitos-chave:
auto-questionamento e aprender a aprender.
Nesse sentido, a
aprendizagem nas organizações deve acontecer, sem imposições, abrindo-se espaço
para a criatividade, e aceitando os erros como um processo natural em direção à
aprendizagem.
Mais uma vez a metáfora
revela um ponto de intercessão com o paradigma das organizações aprendentes, ou
seja, considerando que a palavra holograma vem de dois vocábulos gregos, a
saber holo: que significa “todo”, e grama: que significa “ mensagem”.
Essa ideia nos remete a uma
das disciplinas das organizações aprendentes, que é o pensamento sistêmico, ou
seja, a visão não apenas das partes individualmente, mas das interações dessas
partes na formação do todo.
Por essa razão, segundo
Godinho, a organização deve criar condições para que os empregados tenham visão
da organização como um todo e dos processos e suas etapas na produção de
serviços e produtos. Permitindo-lhes e oportunizando-lhes o desenvolvimento de diferentes
competências que serão úteis à organização, sobretudo as “habilidades para
encontrar soluções para problemas complexos”.
Esses são os aspectos
positivos da metáfora, contudo existem aspectos negativos, destacando-se o seguinte:
Dificuldades
de adaptação dos gerentes [por receio de diminuição de poder, diante da autonomia
crescente dos empregados]. Em outras palavras “Este processo envolve uma mudança
de valores e atitudes e poderá demorar bastante tempo a ser consolidado, devido
ao comportamento pré-existente, que é contrário à flexibilidade requerida”. (GODINHO, 2002).
Na
Perspectiva da teoria das organizações que aprendem, esses obstáculos
correspondem aos “modelos mentais” e à “cultura organizacional", discutidos por Peter Senge no livro "A Quinta Disciplina".
1 Imagem do cérebro como computador baixada deste site
2 Imagem do cérebro como sistema holográfico baixada deste site
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