Este texto é um simples exercício de reflexão fomentado pela professora Drª Márcia, da disciplina "Democracia e Organizações Aprendentes", do MPGOA [1] - UFPB.
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Créditos: Confederación Intersindical Galega |
Para começar esta breve reflexão, é
importante considerar o fato de que a social-democracia foi uma conquista “[...]
dos movimentos: de classe, socialista, sindicalista e anticapitalista
que no século XIX lutavam contra a repressão estatal – bismarckiana,
militarista e bonapartista.” (FILHO, 2011).
Na
proposta da social-democracia percebe-se uma tentativa de encontrar o
meio termo entre capitalismo e socialismo. Ou seja, o Estado tendo papel
crucial, sobretudo no que se refere às medidas visando ao bem-estar
geral de seus cidadãos, mas ancorado para isso em uma economia de
mercado com relativa independência. Tudo visando a desfazer “as divisões
de classes e as desigualdades sociais produzidas pelo capitalismo”.
(ESPING-ANDERSEN, 1990, p. 83).
Percebe-se que o ideal perseguido pelo socialismo, com base em Marx,
era o desaparecimento de uma sociedade de classes, com o estabelecimento
da igualdade entre os cidadãos. Nesse sentido, havia os teóricos,
encabeçados por Adam Smith (1961), que entendiam que “o mercado tem a
potencialidade de destruir a sociedade de classes” (ESPING-ANDERSON,
1990, p. 86); por outro lado, inspirados em Marx, havia os que
rejeitavam completamente essa convicção liberal.
Ocorre, porém, que nem o capitalismo por si tem garantido essa
igualdade e extinção de classes — pois é notório que aprofundou mais
ainda o abismo existente entre os vários segmentos da sociedade —, nem a
social-democracia conseguiu esse feito, pois, apesar de elevar o nível
de bem-estar dos cidadãos, fez surgir outros segmentos com salários e
previdência social privilegiados, à exemplo dos “assalariados
white-collar”. Essa divisão também é percebida pelo fato de que,
enquanto uma grande maioria dependia da previdência Estatal, surgiram
aqueles que, por razão de seus bons salários, pagavam por planos
privados. Desfazendo o sonho da sociedade sem classes.
Outro
complicador para a social-democracia reside no fato de que nem todos
podem ser absorvidos pelo mercado, passando a viver de benefícios, em
forma de salários-desemprego (ESPING-ANDERSON, 1990, p. 93) muito
próximos aos salários dos ditos trabalhadores ativos. Essa situação
acarretou a sobrecarga do Estado, e consequente quebra, pois, como
ensina Okun (1975 Apud ESPING-ANDERSEN,1990, 92) “A redistribuição
social coloca a eficiência em perigo e só a partir de um certo nível de
desenvolvimento é possível evitar um resultado econômico negativo”.
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Créditos: André Nogaroto |
Acontece que, além dessa política de bem-estar, outros gastos públicos
desordenados, e o caráter sempre crescente de um mercado especulativo,
tornaram o sonho social-democrata inviável.
No afã de aplacar as consequências negativas dessa conjuntura
econômica, são adotados os famosos “pacotes” econômicos, caracterizados
por diversos cortes que recaem, principalmente, sobre a grande maioria
da população assalariada. Essa, além de não aceitar reduções salariais,
se desespera diante da possibilidade da perda de privilégios do welfare
state. Acarretando os muitos protestos — alguns marcados por violência
—, a que temos assistido diariamente na televisão e internet.
Então,
entendo que os dois principais vilões do colapso da social-democracia
sejam seu modelo de welfare state e uma economia de mercado marcada pela
especulação, sobretudo a praticada pelas instituições financeiras.
[1] MPGOA - Mestrado Profissional - Gestão em Organizações Aprendentes.
[2] Mais informações sobre conceito de aldeia global
REFERÊNCIAS
[1] MPGOA - Mestrado Profissional - Gestão em Organizações Aprendentes.
[2] Mais informações sobre conceito de aldeia global
REFERÊNCIAS
ESPING-ANDERSEN, Gosta. As três economias políticas do welfare state. In: The three worlds of welfare capitalism. Princeton, Princeton University Press, 1990. Tradução do capítulo por Dinah de Abreu Azevedo.
FILHO, João Batista Domingues. Correio de Uberlândia. Disponível em: http://www.correiodeuberlandia.com.br/pontodevista/2011/05/20/social-democracia/ Acessado em: 01/06/2013.
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