quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Liderança – não é apenas sobre você, é tudo sobre você

Por   Emmanuel Gobillot 

Há uma coisa que todos os grandes líderes têm em comum, e que a maioria dos livros sobre liderança nunca contará a você, de fato é também a única coisa que pode predizer se você será ou não bem sucedido. Essa coisa é óbvia quando você para e pensa sobre ela: os seguidores!

Liderar significa ser seguido, e ponto final. Grande liderança significa ter seguidores que exercem sua liberdade de escolha para liberar seu esforço discricionário para perseguir um objetivo.

O primeiro passo para se tornar um grande líder é reconhecer que de fato liderança não é sobre você. Tem a ver com seus seguidores. Tem a ver com o entendimento do porquê eles escolheram segui-lo. Por que eles decidem escolher um líder ao invés de outro? Qual é a lógica (se existe alguma) de suas decisões?

Há duas questões importantes aqui:

A primeira é que, para muitas pessoas no mundo corporativo, são os líderes quem decidem quem lidera, não os seguidores. São os “superiores’ quem nos apontam posições de liderança. Portanto, não deveríamos nos preocupar com o que eles, muito mais do que seus seguidores potenciais, pensam? – afinal todos esses seguidores têm pouca escolha na decisão sobre quem será seu patrão.

Isto pode ser verdadeiro, mas deixa escapar um detalhe. Enquanto os líderes podem muito bem ser quem indicam líderes, são os seguidores quem trazem os resultados. Mesmo que os seguidores não tenham escolha sobre quem os lideram, eles têm a escolha de quanto esforço vão desprender para executar a tarefa. Em um mundo de mudanças, o sucesso depende em que eles liberem seu esforço discricionário, não apenas em cumprir suas obrigações contratuais.

Portanto, a questão aqui não é se as opiniões dos seguidores importam. Elas importam sim. A verdadeira questão é se você está olhando para a liderança através das lentes corretas.

A segunda questão é muito mais fundamental.

Como nós realmente sabemos qual o interesse dos seguidores quando decidem seguir-nos? Perguntar-lhes parece óbvio o bastante, mas em assim fazendo apenas levará ao desapontamento. Você nunca chegará à resposta certa, simplesmente porque a maioria de nós não consegue articular exatamente o que nos interessa. Não é que sejamos estúpidos – simplesmente nosso cérebro não trabalha dessa forma.

Eu chamo o processo de tomada de decisão dos seguidores “lógica emocional”. Não é nem racional nem emocional, consciente nem inconsciente. É melhor descrito como “Eu sigo porque meio que faz sentido”. “Parece certo”. Essa pode ser uma resposta honesta, mas é bastante difícil fazer algo com ela! Cave um pouco mais e, invariavelmente, inevitavelmente, a palavra carisma aparecerá para descrever o que procuramos em nossos líderes.

Atualmente profissionais de desenvolvimento de liderança (dos quais me considero um) não gostam do termo carisma. Eu poderia ser mais duro, e dizer que isto se deve ao fato de que ela é tida como uma característica inata, nos furtamos de endossá-la como sendo a resposta, simplesmente porque não podemos vender desenvolvimento de características inatas.

Portanto, talvez a resposta seja imitar o comportamento de pessoas que identificamos como carismáticas. Com esse objetivo em mente, devoramos páginas de livros de negócios que prometem nos fazer mais parecidos com Steve, ou Richard, ou Jack, ou qualquer outra pessoa que pensamos dever ser.

Com frequência a disfunção resultante, clara para nossos seguidores, nos escapa tão rápido quanto o desapontamento da falta de resultados que nos invade.

Portanto, aqui está a segunda parte do título deste post – enquanto liderança não tem a ver apenas com você, no sentido de que tem a ver, principalmente, com seus seguidores, também tem tudo a ver com você, já que é muito mais provável que seus seguidores seguirão a melhor versão de você mesmo, do que uma cópia pobre de outra pessoa!


Portanto, o que dizer desse tão inalcançável carisma? Você pode algum dia tê-lo? Bem, aqui está como eu gosto de pensar sobre essa questão. A etimologia da palavra carisma é “um dom dos deuses” (não é de admirar que a evitemos!); a verdade, no entanto, é que na realidade ele é um dom dos seguidores, oferecido aos líderes.

[Poderíamos dizer que o processo de construção do carisma acontece quando]:

1 Os liderados percebem que você é alguém com quem eles podem se relacionar, e que pode se relacionar com eles, mediante:

a. Compaixão – mostrando que você se importa e está querendo tornar as coisas melhores.
b. Esperança – articulando um caminho a seguir.

2 Os liderados percebem que você é alguém que se disporá a fazer o prometido, mediante:

a Austeridade - mostrando coragem e determinação no que você faz.
b Retórica - articulando uma maneira convincente, concisa e coerente.
c Integridade - mostrando que há coerência entre o que você pensa, diz e faz.
d Simplicidade - tornando as coisas simples, não simplistas.

3 Os liderados percebem que você tem a capacidade de dar conta do recado, através de:

a Meta - trabalhando com os seguidores para articular os marcos que irão mostrar o progresso.

b Ação - não apenas falar por falar, mas arregaçando as mangas e fazendo as coisas.

Artigo traduzido de Great Leadership




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