Uma das características recorrentes das organizações
bem sucedidas é o
planejamento sistemático de suas ações. Elas estabelecem alvos a serem
atingidos em curto, médio, e longo prazos. Estabelecem objetivos claros e
exeqüíveis, dessa forma não desperdiçam tempo, energia, e recursos.
Esse mesmo
raciocínio deve ser aplicado à gestão escolar, considerando que o desempenho da
escola nessa área vai influenciar toda uma comunidade, composta por alunos, pais,
professores, e corpo administrativo.
A escola que tem planejamento bem
elaborado contribui para o sucesso de seus alunos, pois uma má escola pode ser a
responsável pela má formação acadêmica, e mesmo pela desistência de muitos deles. Portanto, é necessário que o gestor e sua equipe se conscientizem
da importância do planejamento das atividades da escola.
Baffi
(2002, p. 2) observa que “Planejar é uma atividade que está dentro da educação,
visto que esta tem como características básicas: evitar a improvisação, prever
o futuro, estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a
execução da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria
ação. Planejar e avaliar andam de mãos dadas.”
Parafraseando Woodward (2001, p. 181), ao apresentar algumas vantagens do planejamento de aulas, pode-se dizer que o planejamento:
Parafraseando Woodward (2001, p. 181), ao apresentar algumas vantagens do planejamento de aulas, pode-se dizer que o planejamento:
1) Reduz
a incerteza e o pânico, proporcionando confiança e clareza nas ações;
2)
Inspira confiança nos alunos, professores e demais funcionários, pois eles
percebem o propósito, progressão e coerência nas atividades desenvolvidas na
escola;
3)
Norteia o gestor quanto ao tipo de intervenções e implementações que deve
realizar;
4)
Permite prover e organizar de forma racional a logística necessária;
5)
Desenvolve na equipe gestora um estilo próprio de administrar, pois o
planejamento envolve exame aprofundado das informações, das fontes e das
crenças. Esse processo, somado ao que acontece na rotina escolar, resulta no
amadurecimento da gestão escolar.
Existem diversos tipos de
planejamento, dentre os quais pode-se citar: o educacional, o curricular, o de
ensino, o escolar, o político-social, o operacional, e o estratégico. Nesta reflexão o foco é o planejamento escolar, consubstanciado na elaboração de
seu Projeto Político Pedagógico.
Apesar da existência de categorias diferentes de planejamentos, percebe-se elementos recorrentes em todos eles, a saber: são realizados para darem suporte a tomadas de decisões, e orientação de ações a serem realizadas; em todos eles cabem as perguntas: “para que?”, “para quem?”, “com o quê?”, e, ainda: “onde estamos?”, “aonde queremos chegar?”, e, “como vamos fazer para chegar lá?”.
Apesar da existência de categorias diferentes de planejamentos, percebe-se elementos recorrentes em todos eles, a saber: são realizados para darem suporte a tomadas de decisões, e orientação de ações a serem realizadas; em todos eles cabem as perguntas: “para que?”, “para quem?”, “com o quê?”, e, ainda: “onde estamos?”, “aonde queremos chegar?”, e, “como vamos fazer para chegar lá?”.
Para Libâneo (1992, p. 221) planejamento escolar "É
um processo de racionalização, organização e coordenação da ação docente,
articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social". E
Baffi (2002, p. 3 ) observa que “Planejamento Escolar é o planejamento global
da escola, envolvendo o processo de reflexão, de decisões sobre a organização,
o funcionamento e a proposta pedagógica da instituição.”
O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO
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Crédito |
Optou-se pela manutenção dessa nomenclatura com
base na assertiva de renomados teóricos da educação, como Gadotti, Freire,
Guimarães (apud BAFFI 2002):
Projeto
Político-Pedagógico da escola precisa ser entendido como uma maneira de
situar-se num horizonte de possibilidades, a partir de respostas a perguntas
tais como: “que educação se quer, que tipo de cidadão se deseja e para que
projeto de sociedade?” (GADOTTI, 1994). Dissociar a tarefa pedagógica do
aspecto político é difícil, visto que o ‘educador é político enquanto educador,
e o político é educador pelo próprio fato de ser político”. (GADOTTI, FREIRE,
GUIMARÃES, 2000, pp. 25-26).
No nível de conceituação,
Vasconcellos (1995
apud BAFFI, 2002, p. 5) ensina que o PPP “[...] é um instrumento
teórico-metodológico que visa ajudar a enfrentar os desafios do cotidiano da
escola, só que de uma forma refletida, consciente, sistematizada, orgânica e, o
que é essencial, participativa. É uma metodologia de trabalho que possibilita
resignificar a ação de todos os agentes da instituição”.
Reforçando essa
concepção, Moura e Barbosa (2010, p. 18) justificam o crescimento do uso de
projetos na área de educação, ressaltando que “Os projetos representam um
caminho seguro para a introdução de mudanças e inovações nas organizações
humanas.” E, ainda, “Os processos e métodos envolvidos no trabalho com projetos
fornecem a estrutura, o foco, a flexibilidade e o controle adequados para a
realização de mudanças, dentro de prazos e recursos limitados, com melhores
resultados.” (MOURA e BARBOSA, 2010, p. 19).
Veiga
(2001, p. 11 apud BAFFI, 2002, p. 6) lista nove características de um Projeto
Político Pedagógico. Para ele, o PPP deve:
a) ser um processo participativo de decisões;
b) preocupar-se em instaurar uma forma de
organização de trabalho pedagógico que desvele os conflitos e as contradições;
c) explicitar princípios baseados na autonomia
da escola, na solidariedade entre os agentes educativos e no estímulo à
participação de todos no projeto comum e coletivo;
d) conter opções explícitas na direção de
superar problemas no decorrer do trabalho educativo voltado para uma realidade
específica;
e) explicitar o compromisso com a formação do
cidadão;
f) nascer da própria realidade, tendo como suporte
a explicitação das causas dos problemas e das situações nas quais tais
problemas aparecem;
g) ser exeqüível e prever as condições
necessárias ao desenvolvimento e à avaliação;
h) ser uma ação articulada de todos os
envolvidos com a realidade da escola;
i) ser construído continuamente, pois como
produto, é também processo.
Dessas
características, percebe-se que a construção do PPP é “[...] um processo
participativo, onde o passo inicial é a elaboração do marco referencial, sendo
este a luz que deverá iluminar o fazer das demais etapas.” (BAFFI, 2002, p. 6).
Esse princípio pressupõe outro muito importante no processo de transição da
escola tradicional (excludente) para a contemporânea (que se pretende inclusiva):
a gestão democrática. Nesse sentido, Hora (2003, p. 1) advoga que “[...] não
haverá democracia social sem a democratização da escola.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A teoria é muito fascinante, e se colocada em prática traz resultados empolgantes e animadores. No entanto, o brasileiro, culturalmente não é inclinado ao planejamento sistemático. Isto tem resultado em grandes prejuízos em seus empreendimentos nas mais diversas áreas.
Por essa razão, construir um Projeto Político Pedagógico dá muito trabalho, é um verdadeiro desafio. A grande maioria das escolas, quando tem um PPP, é cópia de outros já existentes, e, mesmo assim, deixam-nos engavetados. São escritos apenas para cumprir determinações.
Os resultados positivos auferidos por aqueles que aceitaram esse desafio, mostram que vale a pena investir tempo planejando as ações e colocando-as em forma de projetos, para que assim possam ser monitoradas, avaliadas, e adaptadas para avançar de forma consciente em direção aos objetivos e metas estabelecidos.
REFERÊNCIAS
BAFFI, Maria Adélia Teixeira. O
planejamento em educação: revisando conceitos para mudar concepções e práticas.
Petrópolis, 2002. Artigo.
GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e conflito. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
HORA, Dianir Leal da. Educação e gestão educacional na sociedade brasileira contemporânea: algumas reflexões. 2003. Doutora em Educação: Administração e Supervisão Educacional pela UNICAMP. Professora Adjunta da UERJ/FEBF e Professora Titular do ISEP.
WOODWARD, Tessa. Planning lessons and courses: designing sequences of work for the language classroom. Cambridge: CUP, 2001.
MOURA, Dácio G.; BARBOSA, Eduardo F. Barbosa. Trabalhando com projetos: planejamento e gestão de projetos educacionais. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995. (p. 145)
VEIGA, I. P. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 13. ed. Campinas: Papirus, 2001.
GADOTTI, M.; FREIRE, P.; GUIMARÃES, S. Pedagogia: diálogo e conflito. 5. ed. São Paulo: Cortez, 2000.
HORA, Dianir Leal da. Educação e gestão educacional na sociedade brasileira contemporânea: algumas reflexões. 2003. Doutora em Educação: Administração e Supervisão Educacional pela UNICAMP. Professora Adjunta da UERJ/FEBF e Professora Titular do ISEP.
WOODWARD, Tessa. Planning lessons and courses: designing sequences of work for the language classroom. Cambridge: CUP, 2001.
MOURA, Dácio G.; BARBOSA, Eduardo F. Barbosa. Trabalhando com projetos: planejamento e gestão de projetos educacionais. 5. ed. Petrópolis: Vozes, 2010.
VASCONCELLOS, C. S. Planejamento: plano de ensino-aprendizagem e projeto educativo. São Paulo: Libertad, 1995. (p. 145)
VEIGA, I. P. (Org.). Projeto político-pedagógico da escola: uma construção possível. 13. ed. Campinas: Papirus, 2001.
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