sábado, 23 de novembro de 2013

Analfabetismo, democracia e mídia na Áustria



Há algum tempo decidi estudar alemão, mas só fui até ao terceiro estágio do curso, pois, além de a língua demandar muita dedicação, estava muito ocupado com o curso de letras e o trabalho. Agora, apesar de não estar com tanto tempo assim, pois estou em pleno estresse para dar conta da dissertação, retomei o estudo do idioma. 

Como uma das estratégias de "imersão" na língua, estou acompanhando vários sites. Além, obviamente daqueles que ensinam o idioma, também acompanho os que tratam de assuntos pertinentes a gestão e educação. Estou ouvindo, lendo, e falando bastante - nesse caso, para o desespero do pessoal aqui em casa :).

Para enriquecer o vocabulário, a estratégia tem sido traduzir do alemão para o inglês, e do inglês para o português, pois o resultado da tradução direta do alemão para o português feita pelo "Google translator" é um desastre. Para o inglês, no entanto, fica mais aceitável, aí eu dou os retoques necessários. Aos poucos vou ganhando confiança, e já consigo traduzir muita coisa diretamente sem precisar usar essa "muleta".

O acesso a esse idioma será mais uma fonte rica de conhecimentos e informações, que, obviamente, estarei compartilhando com vocês aqui em nosso blog.

Pois bem, a primeira aventura de tradução/resenha, que passo a compartilhar, trata do elevado índice de analfabetismo na Áustria. Sim, também fiquei surpreso que um país da Europa, em pleno século XXI, esteja também enfrentando esse tipo de problema.

O texto original está no Wiener Zeitung (Jornal de Viena) e, segundo esse site, uma pesquisa feita pela Verband Österreichischer Zeitungen (VÖZ), (doravante, apenas AAJ, ou seja Associação Austríaca de Jornais) concluiu que os totalmente analfabetos e os analfabetos funcionais, por estarem mal informados, podem ter dificuldades em fazer uma escolha mais acertada nas eleições. 

Essa deficiência é vista pela AAJ como “Uma ameaça à democracia”. De acordo com o Presidente da Associação, Thomas Kralinger, o papel da mídia é o de “Fazer os cidadãos entenderem o que está acontecendo no processo político”.

No entanto, de acordo com o Wienner Zeitung a tese de que analfabetismo e cultura democrática possuem relação direta foi relativizada em painel de discussão com várias autoridades austríacas, dentre as quais estavam a Vice Editora Martina Salomon, Thomas Kralinger, Hannes Haas – cientista em comunicações; Niki Glattauer - professor e escritor; Johannes Kopf - membro da equipe da AMS (Arbeitsmarketservice) [1], ; e Martina Fasslabend, Presidente da “Gaivota” Agência de Protenção à Criança.

Para ilustrar essa divergência de opinião, “Kopf apontou a China e a Rússia como países com altos níveis de alfabetização, porém não tão sofisticados no entendimento do que seja uma democracia, enquanto que, em contraste, o Mali com maioria analfabeta foi às ruas em protesto, tornando-se um exemplo de democracia na África.” 

O Wiener Zeitung destaca, ainda, que “O Pisa e o Programa para Avaliação de Competências de Adultos (PACA) [PIAAC, em inglês], encomendado pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) [OECD, em inglês] apresentam resultado devastador: um em cada quatro jovens é analfabeto funcional, e quase um milhão de adultos possuem deficiência gritante de leitura. A Áustria está bem abaixo da média da OCDE: de 34 países, ela está na 29ª posição.”

Diante dessa conjuntura, o filósofo e cientista Matthias Rath, faz um apelo em seu discurso sobre o ensino em Ludwigsburg: "Não podemos permitir que uma sociedade com igualdade formal cometa essa injustiça com a educação”.

O que Schartzenegger, diria hoje da educação em seu país?


Como se vê, não estamos sozinhos nesse barco. O Brasil, em relação a Áustria, é um verdadeiro continente, portanto, o desafio para erradicação do analfabetismo também é "continental", e não temos certeza de que essa seja uma vontade política real. Mas, como Schwarzenegger, continuo acreditando na educação.

Não diria o mesmo da mídia, pois da colocação de Kralinger, que o papel dos jornais [mídia] é “Fazer os cidadãos entenderem o que está acontecendo no processo político”, fico me perguntando se lá eles realmente procuram fazer isso, sobretudo, considerando o elevado nível de analfabetismo apresentado. Aqui conhecemos perfeitamente qual tem sido o papel da mídia. É preciso estar muito antenado para não ser levado por suas falácias. 



[1] Serviço do Mercado de Trabalho

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