Para Harold Jarche, o que caracteriza uma Organização aprendente é sua capacidade de “compartilhar
poder”. Ou seja, nesse tipo de organização os indivíduos controlam seu
próprio aprendizado e o compartilha com outros. A organização apóia esse processo, criando espaços e redes de relacionamentos para conversas, tornando o aprendizado uma constante que faz parte essencial do trabalho.
David Garvin e Amy Edmonson da Escola de Negócios da Universidade de Havard apresentam três pilares da organização aprendente, a saber: 1) O ambiente; 2) Os processos de trabalho; e 3) A liderança. Esses pilares podem ser explicados da seguinte forma:
O “ambiente” é representado pela cultura organizacional. Isto inclui os valores, pressupostos básicos, crenças, comportamentos esperados, e normas da organização. Esses aspectos da cultura precisam estar alinhados com um aprendizado contínuo sobre o trabalho da organização, e a partir deste.
Os “Processos” são os modos rotineiros através dos quais o trabalho é feito. Trabalho e aprendizado devem fazer parte do mesmo processo.
A “Liderança”, consiste na postura dos líderes de alto nível, no sentido de apoiar, encorajar, e remover barreiras ao aprendizado e à melhoria do desempenho. Todos esses pilares devem estar presentes em uma organização, para que ela se torne verdadeiramente uma organização aprendente.
Então, surge uma pergunta: “Como tornamos trabalho e aprendizado parte do mesmo processo?
Em primeiro lugar, deve-se ajudar as pessoas a desenvolverem novos conhecimentos durante seu trabalho, quando deparadas com uma tarefa nova, ou com um desafio novo, quer seja a utilização de uma nova ferramenta, ou na busca de se tornar um líder mais eficiente/eficaz.
Isto é feito tornando a informação acessível, ou construindo as ferramentas para a produção de conhecimento a partir da informação disponibilizada, também. Podemos ensinar as pessoas como pescar, mas se elas não têm a vara, a linha, e o anzol para fisgar o peixe, e as técnicas e tecnologia para encontrar o peixe, só o conhecimento será inútil.
Se pretendemos democratizar o aprendizado nas organizações, precisamos ensinar todo mundo como aprender a usar as ferramentas para descobrir informações úteis. Precisamos tornar as ferramentas de aprendizado acessíveis a todos os empregados quando e onde eles precisarem delas.
Um exemplo de ferramenta de aprendizado é “Inspirar”, desenvolvido pela “RealTime Performance”[1]. Eles descrevem essa ferramenta da seguinte forma:
Os empregados são capazes de identificar rápido e facilmente os pontos fortes e os pontos fracos, de criar planos de desenvolvimento relevantes e úteis, e de se engajarem em discussão significativa com seus gerentes sobre desenvolvimento de liderança.
A estratégia-chave dessa solução está em uma livraria dinâmica, fonte de atividades “on-the-job”, [ou seja, enquanto se trabalha], livros, artigos, blogs, vídeos, aprendizado em sala de aula, e e-learning [aprendizado por meio de computadores ligados à internet]. Cada atividade ou fonte é desenhada visando desenvolver competência e comportamento de liderança.
Essa ferramenta, no estilo Wikipédia, torna o desenvolvimento da informação sobre liderança atualizada e relevante. É uma ferramenta que permite organizar a informação visando facilitar seu acesso e aplicação.
Uma organização aprendente também precisa de ferramentas que permitam as pessoas descobrirem informações sobre elas mesmas, sobre as equipes, sobre a organização como um todo, e sobre a comunidade mais ampla em que a organização está inserida. A exemplo de pesquisas visando coletar novas informações sobre os grupos de trabalhadores, modelos da dinâmica do comportamento organizacional, ou métodos para solucionar os problemas mais prementes da organização.
O aprendizado que vem da aplicação dessas ferramentas é pontencializado quando discutido em conversas reflexivas sobre as informações que elas podem gerar.
Portanto, não só uma organização aprendente é caracterizada pelos três pilares: ambiente, processos de trabalho, e liderança, mas também pelo uso de ferramentas que produzam continuamente novas informações que se tornarão o foco de conversas/interações na rede social [da organização].
Artigo traduzido com adaptações pelo autor deste blog.
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